Apertem os cintos, a gente já vai decolar

Mexico de uma janela de avião

Perguntei a uns amigos o quê eles sentiam ao ouvir o piloto dizer “portas em automático”. Recebi umas respostas bem loucas, a ponto de reconsiderar amizades. Como assim esse povo não sente um profundo contentamento em saber que, naquele exato momento, a viagem está de fato começando?

Porque eu, ah!, eu sou transbordada de emoções com essas três simples palavras. Toda a ansiedade do planejamento, das tentativas de fazer a mala fechar, da correria para o aeroporto e das 32 “últimas checadas” se eu trouxe meeeeeesmo o meu passaporte… ficam para trás. Como que por mágica, instantaneamente eu sou tomada por imensa empolgação. É um novo tipo de nervosismo, de estar se jogando no novo ou de finalmente reencontrar quem eu amo.

Viajar é a maravilhosa sensação de se equilibrar no desconhecido.

Anthony Bourdain

Basta esperar um pouquinho. Algumas horas depois, estarei eu ouvindo uma nova língua, dando abraços há tempos ansiados, recomeçando a busca pelo gelato perfeito. Se no dia a dia eu tendo a ser um pouquinho (só um pouquinho, vai) preguiçosa e curto ficar na minha, viajando eu me transformo em outra pessoa. Não sou a primeira a dizer: viajar é abrir uma janela imensa para o mundo.

Afinal, foi viajando que conheci a gentileza de estranhos que me ajudaram quando meu pneu furou na estrada para Paraty e não havia sinal algum no celular. Teve também a vez que pedalei numa noite de verão em Berlim e pensei “putz, eu amo isso aqui” e, dois meses depois, eu me mudava de mala e cuia para lá. Há algumas semanas eu chorei na Ribeira, no Porto, porque achei tudo muito lindo, o céu ainda azul, as pessoas dançando Bella Ciao na calçada, e eu emocionada, assim, do nada.

Berlim, 29 de junho de 2017, 10:31 da noite: O exato momento em que decidi me mudar para a Alemanha

Teve muito perrengue, também. Perdi avião, fiquei em acomodações equivocadíssimas, tive medo em lugares esquisitos. Muitas vezes, me senti solitária. Em diversas outras, achei o máximo estar desbravando o mundo sozinha. Em todas, aprendo algo novo sobre o mundo e sobre mim.

Quando tudo mudou

Em 1999, eu fiz a viagem que mudou a minha vida. Um mês em Londres estudando inglês. Eu nem tinha grandes expectativas, e por pouco não escolhi outro lugar totalmente diferente para aquelas férias de verão.

"London Calling."



Semanas depois de tentar entrar no lado do motorista no transfer do aeroporto, eu já me sentia totalmente em casa. Prometi a mim mesma que iria voltar de vez. Eu só demorei duas longas décadas, mas cá estou. Chamo Londres de casa há pouco mais de quatro anos, e ainda fico embasbacada com cada cantinho novo que ainda há a descobrir nessa cidade.

Eu sou um grande exemplo de como viajar muda a gente. Nem todo mundo pode ou quer fazer a louca e decidir ficar num lugar novo. Porém, a gente pode levar muito mais do que ímãs de geladeira dos lugares que a gente passa.

Aqui em casa, a gente fala, do nada, “Basta, Camillo, andiamo!”, ao lembrar de um poodle teimoso na Sardenha. Também não consigo ir a Manaus sem trazer pelo menos um quilinho de farinha de Uarini na mala. De vez em quando considero fortemente voltar a Roma só para comer de novo o melhor carbonara do mundo.

A gente é uma mistura de tudo o que vivemos, e o melhor é que nas viagens a gente vive coisas muito bacanas. A felicidade nos deixa mais abertos a novas experiências.

E é por essa e por muitas outras que o Portas em Automático me traz tamanha empolgação. Aqui e nas nossas redes sociais, você fica por dentro das coisas mais legais para fazer em cada destino, como evitar roubadas, quais restaurantes valem a pena. Ah, e qual o melhor gelato, claro.

Quero mostrar para vocês cada pedacinho de Londres; todos os que me fazem me apaixonar a cada dia mais por essa cidade, apesar do clima que, sejamos honestos, pode realmente ser bem inconveniente. Eu volto sempre aos clássicos pontos turísticos, mas adoro descobrir novos lugares, aqueles que só temos oportunidade de visitar quando vivemos em uma cidade, com mais tempo e calma para observar. E quero compartilhar tudinho, para vocês visitarem na primeira ou na décima vez por aqui.

Levo comigo meu olhar curioso da menina nascida na Amazônia, e que quando adulta descobriu que aquela fome de viajar tanto era muito mais do que apenas diversão. Ela literalmente me levou a estudar jornalismo, e virou meu ofício no meu tempo na Viagem e Turismo e em outros trabalhos por aí.

Escrever, fotografar e compartilhar minhas descobertas me faz feliz, me empolga, me alegra. Eu sempre digo que escrever sobre viagem é como pegar na mão do leitor e sonhar juntos. Um dos maiores elogios que já recebi como jornalista foi quando um leitor disse “me senti em Punta Cana pelas palavras da Nádia”.

É claro que a gente não quer só sonhar – a gente quer planejar, também, e, óbvio, viajar. É para isso que estou aqui: para te mostrar lugares bacanas e te ajudar a desenhar um novo projeto de viagem.

Vem comigo. A gente já vai decolar.

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